4 de jun. de 2010

Eu acho desabafo tão clichê... [2]

Desespero, algo que se perde no fundo da minha garganta como um eu te amo impróprio para alguém que você sabe não merecer. Me levanto e olho ao redor, nem metade da mínima esperança que adquiri ontem após meu colapso nervoso e suicida ainda habitava naquele quarto. O copo de café ainda estava ali e agora percebi que não o havia tomado por inteiro na noite anterior. O liquido negro estava imóvel, me senti como aquele resto de café no copo. O peguei em minhas mãos e o girei, parecia perfeitamente igual ao que esteve (olhada no relógio) cinco horas atrás. Seu aspecto neutro e impenetrável, seu cheiro exalava fortemente e pude sentir a boca salivar ao sentir o cheiro da cafeína que me manteve acordada infalivelmente todas as noites.
Observando atentamente o liquido no fundo do copo, como um borrão de memória no fundo de um cérebro, notei que tinha mais com ele do que previamente supus. Havia capacidade de adaptação, havia cheiro, havia personalidade naquelas gotas negras, havia tudo no entanto necessitava de tudo. Estava gelado, intocável, novamente virgem de forma. Larguei o copo sobre a mesa bagunçada do computador e comecei a me trocar.
Seguem dias tão vazios e pouco úteis, pouco aproveitados, as horas são insignificantes dentro de um espaço oco e sombrio de minha vida, as vezes sinto que vivo em um eterno prefácio e que talvez o primeiro capitulo jamais chegue. Olhei pela janela depois de colocar a camiseta, meu calor da madrugada embaçou a janela, pelos vidros eu via a chuva escorrer imponente me diminuindo mais ainda, me deixando como uma pequena gota em meio a toda uma tempestade. A única diferença é que eu não via utilidade mais em ser, em existir.
Fechei a porta de casa atrás de mim, a chuva agora se resumia em gotas caindo lentamente, olhei para o céu e uma risada engasgada vazou pelos meus lábios. Até parece que Você quer que eu não vá. Não colabora com a minha morte.

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