6 de mar. de 2010

Quando me falta a prudência.

"Abri meu armário e comecei o trabalho de retirar meus pertences de dentro dele. Tudo bem, eu compreendia que meu pai desejasse um espaço maior, ele poderia ter quebrado o quarto do meu irmão mais velho para fazer isso, eu não me importaria nem um pouco se Eric tivesse que dormir no sofá, mas aparentemente a idéia não agradava meus pais tanto quanto a mim então nos mudamos de casa e eu consequentemente me mudei de colégio. Eu não fiz nenhum tipo de greve, ou me rebelei contra o fato, não poderia impedir meus pais de me arrastar com eles, até porque eu ainda estou no segundo ano e me livrar dessa sina vai levar mais dois anos letivos. Portanto, quando a bagunça em casa estava definitivamente empacotada e encaixada no caminhão, eu resolvi que era hora de buscar minhas coisas.
Poderia muito bem deixar lá, nunca fui uma garota popular para receber a devida atenção, eles não iriam olhar para o armário inutilizado e dizer: ' Meu Deus, aquela garota baixinha de cabelos castanhos que faz aulas extras de física não apareceu hoje ' Provavelmente o Jorge, que senta no fundo da classe e faz piadinha sobre qualquer uma que passe diante de seus olhos, sentiria falta de mim. Meus 'vai se foder' para ele depois do intervalo o deixavam mais animado, como se tivesse acabado de ganhar um alô da garota mais interessante da face da terra.
Coloquei minha bolsa tristemente nas costas e fechei o armário, respirando fundo, me virei nos calcanhares e comecei a caminhar lentamente observando a construção do prédio. Meus pais nunca quiseram me matricular nesse colégio, mas com essa nova frescura do governo, que os alunos terão de ser matriculados no colégio mais próximo, para evitar a lotação dos melhores e gente como eu acabar bem... Nesse colégio. Não que eu o ache tão ruim, mas é uma construção modesta, nada majestosa. Talvez seria mais interessante se não houvesse tanta pixação nas paredes.
Meus passos ecoaram e eu senti que minha mente se perdeu por um fluxo desconexo de pensamentos, vi uma garota jogada no chao do corredor de química correndo de algo, vi um rapaz alto e loiro que uma vez lhe sorrira daquele armário a esquerda, vi três garotas sendo derrubadas no chão por uma única bola minha acertada em suas cabeças. Minha risada saiu mais alta do que de costume, respirei fundo e rumei a saída. Se a intenção era vida nova, o certo seria rabiscar as lembranças como algo entre parenteses nesse ano e meio que vivi nesse colégio."

Um comentário:

  1. eu creio que a lara deve ter milhoes de historias na cabeça huahua' ja perdi a conta das quais ela me contava umas partes,fora essas que eu sei que ela escreve agora..

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