25 de mai. de 2010

Eu acho desabafo tão clichê...

Fiz alguma coisa errada, em algum ponto e agora eu me perdi. Eu to num momento que não sei o que eu vou encontrar mais tarde, porém voltar os passos já dados não é uma opção, a parede do tempo me empurra e pressiona cada vez mais para frente na vida. Me sinto vazia e insegura. De repente todas minhas decisões até agora foram erradas, eu não consigo lembrar da ultima coisa correta que eu fiz - me sinto vazia, insegura, estranha, suja e dependente.
Meu estomago borbulha e eu sinto o ácido consumindo cada vez que engulo minha saliva, minha boca esta amarga. Fecho os olhos e rezo para que você esteja bem, para que nenhum dos meus desvaneios tenha te afetado... Besteira, sei que afetou, sei como doeu, abro os olhos e volto a me perder na realidade vazia que tenho em minhas mãos até agora, como um cigarro não acesso e eu estivesse tragando o nada, o seco, o oco.
Algo me consome, algo que jamais senti, é estranho e único - único como o sentimento de uma lâmina rasgando em pequenas e lentas proporções sua pele - , queima em minha garganta como um uísque sem gelo queimaria na garganta de um principiante, suspiro e volto a sentir o gosto amargo na minha boca, seria sangue? Seria, meu sangue?
Inútil, incapaz, não segurei sua mão corretamente quando deveria, seus dedos escaparam e você esta caindo, me perdoe, não foi minha intenção mas eu não tinha forças para nos sustentar. De que importa? Tambem caio, tambem fecho os olhos e me deixo levar por essa queda na gravidade. Dêmonios e esse gosto de sangue? Eu me sinto em um quarto com todos os momentos da minha vida como um play infinito passando por mim, não encontro significados naquilo tudo, apenas erros. Droga, deveria ter deixado aquele helicóptero miniatura com meu primo? Deveria ter defendido menos esse amigo? Deveria ter deixado ele me beijar? Deveria ter fechado os olhos justo na sua presença?
Questões e mais questões e apenas me sinto caindo, aquele copo de café ainda está sobre a mesa, meus fones de ouvido tocam uma canção qualquer de amor que diz algo sobre estar sempre presente para as pessoas importantes... Eu falhei.
O gosto de ferrugem aumenta em meus labios e eu os limpo. Eu falhei com quem contava comigo, incontaveis vezes, tudo culpa do meu egoísmo imensuravel. Falhei ao te dar a mão, falhei ao olhar em seus olhos e perdi perdão, falhei por nunca olhar para você, falhei naquele abraço que jamais aconteceu, falhei naquele barulho no fundo da garganta que deveria ter dado quando não te conheci, falhei em muitos aspectos. Mas acima de qualquer coisa, falhei comigo.
Ignorante, egoista, dependente e agora falha. Mais uma vez o gosto de ferro se apodera da minha boca, por Deus, o que é isso? Meus pés caminham sem objetivo. O que eu quero? O que eu sonho? Pelo que eu luto?
Perguntas vagas, sem respostas, sem definições. Eu sempre cheia de palavras me sinto como um dicionario com praticamente todas suas paginas arrancadas, menos uma. A que esta em branco.
Recomeçar? Ou apenas um rascunho para o ultimo verso? Uma boa ideia, caminho até a escrivaninha, sento-me e puxo uma folha qualquer, encosto o lapis sobre ela e rasgo meus versos. Complicado como tudo flui quando não precisa, quando não há real nescessidade. O gosto amargo, não consigo aguentar e cuspo para o lado. A saliva bate contra a parede verde, está avermelhada e escorre agora, sinto um arrepio de nojo, mas não é hora para caprichos.
Tudo que eu acreditei, tudo que eu quis, tudo pelo qual eu lutava se perdeu a... Não faço ideia de tempo, perdi a vontade de conta-lo diga-se de passagem. Não tenho muita coisa pelo que ficar, seria interessante partir, mas não posso.
Valores abstratos como medo me prendem aqui. Sinto uma risada se perder em minha garganta, lembrei de uma piada.
Respiro fundo enquanto observo o que escrevi, olho para o lado e vejo uma capa velha de caderno, vou até ela e a observo de perto. As lagrimas chegam aos meus olhos tao rapidamente quanto descem em minha face, naquela caligrafia esparramada uma das pessoas que me mantem respirando disse que eu a pertenço. Volto até onde estou e percebo que o gosto amargo começa a se dissipar, observo o papel e acabo sorrindo.
Talvez eu consiga aguentar mais um dia, quem sabe eu acenda o cigarro e encontre um sabor nele? Apaguei as luzes e me deitei, em algum lugar da minha parede minha saliva avermelhada ainda escorria preguiçosamente. Suspirei e não demorei a pegar no sono, talvez meus versos de uma linha estejam certos. Quem sabe "Fechar os olhos e imaginar que seu coração não esta retalhado em pedaços te ajude a viver socialmente" .

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